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ÍCONE DA NOVA SAFRA DA LITERATURA MINEIRA, CARLOS HERCULANO LOPES FALA DE SUA OBRA
Escritor esteve em Santa Luzia durante o II Festival de Literatura da cidade
20 de maio de 2015Considerado um dos mais importantes talentos de sua geração, o escritor Carlos Herculano Lopes, vencedor de vários prêmios, entre eles, Prêmio Guimarães Rosa de 1984 com o romance “A Dança dos Cabelos”, Prêmio Quinta Bienal Nestlé de Literatura Brasileira de 1990, esteve em Santa Luzia, onde fechou com chave de ouro o Festival Literário da cidade e falou com exclusividade para este site. A seguir, a entrevista:
COMO A LITERATURA ENTROU NA SUA VIDA?
CHL: A literatura surgiu na minha vida quando eu era criança e morava em Coluna, pequena cidade do Vale do Rio Doce. Fui muito incentivado por minha mãe, professora primária Iracema Viana de Oliveira, que comprou pra mim coleções de Monteiro Lobato, da revista Curiosidades, livros de José Mauro de Vasconcelos e também pela minha professora Semirames Alcântara que me deu acesso a pequena biblioteca do grupo escolar Heroína Torres onde estudei. Vim para Belo Horizonte aos 11 anos e este instinto de escrever foi sendo aprimorado no colégio Arnaldo onde também estudei. Enfim, a literatura entrou na minha vida quando eu era ainda muito pequeno e só vai sair quando eu morrer.
COMO VOCÊ VÊ SUA OBRA SENDO ADAPTADA PARA MINISÉRIES, FILMES (O LIVRO “POLTRONA 27” SERÁ FILMADO PELO CINEASTA PAULO TIAGO NO SEGUNDO SEMESTRE DESTE ANO) E AINDA SENDO PUBLICADA NO EXTERIOR?
CHL: Eu vejo isso com muita felicidade, porque como o Brasil é um país muito grande e gira muito em torno de Rio e São Paulo, como aconteceu naquela época com pessoas como Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade irem para o Rio de Janeiro, claro que hoje, de outra forma, mas ainda acontece muito. Então, um escritor como eu, que optou por viver Minas Gerais, por continuar morando em Belo Horizonte e quando eu tenho a oportunidade de ver os meus livros saindo de Minas, serem filmados, motivos de dissertação de mestrado em outros estados, e alguns deles publicados no exterior, isso me dá uma alegria e uma felicidade muito grande e a sensação de que eu quero continuar morando em Minas Gerais.
O QUE TEM DA SUA VIDA NO LIVRO “O ÚLTIMO CONHAQUE” E O QUE VOCÊ QUIRIA ABORDAR NELE?
CHL: “O Último Conhaque” é um livro muito interessante que eu gostei muito de escrever. Nele eu quis escrever a história de um brasileiro desenraizado, que saiu da terra dele em busca de melhores opções no estado de São Paulo. Não conseguiu se fixar emocionalmente lá, não ganhou dinheiro e quando quis voltar para a terra dele, muitos anos depois, ele já não era mais cidadão daquela terra, nem se identificava mais com ela. Eu acho que um dos dramas do Brasil é esse: do brasileiro não é cidadão dentro do seu próprio país. Eu escrevi “O Último Conhaque pensando nisso”.
COMO SE DÁ O SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO?
CHL: Com a minha experiência no jornalismo eu escrevo em qualquer hora. Eu aprendi a escrever em redação de jornal, com muito barulho, naquela época ainda existia a máquina de escrever e gente conversando. Eu não tenho problema para escrever, escrevo em qualquer hora e em qualquer momento. Mas, obviamente, o meu processo de criação é mais aguçado e melhor à noite, pois é quando eu já tenho todo o conflito do dia, a cabeça já está mais agitada. Sempre produzi melhor à noite.
DEIXE UM RECADO PARA QUEM DESEJA SE TORNAR UM ESCRITOR OU UMA ESCRITORA?
CHL: Para quem quer se escritor, tem que ler muito, ser curioso, observar, escutar mais do que falar. Ler, escrever e deixar a fantasia à solta.
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