SEGUNDO DELEGADO, ROSELI PODE PEGAR ATÉ 30 ANOS DE PRISÃO
Em entrevista exclusiva ao portal Tribuna Luziense, delegado responsável pelo caso César Matoso fala das investigações que chegaram até a ex-prefeita de Santa Luzia
13 de setembro de 2017TL – Depois de pouco mais de um ano da morte do jornalista Mauricio Campos, é possível dizer quem o matou?
Delegado César Matoso: Sim. O Inquérito Policial 5229633 instaurado na circunscrição de Santa Luzia e presidido por este Delegado, que respondia pela Delegacia de Homicídios diante do afastamento do Delegado Titular, esclareceu o assassinato e apontou a autoria aos indiciados ROSELI FERREIRA PIMENTEL,ALESSANDRO DE OLIVEIRA SOUZA, vulgo LELECA; PAULO CÉSAR FLORINDO DE ALMEIDA, vulgo PC, DAVID SANTOS LIMA, vulgo NEGO e GUSTAVO SERGIO SOARES DIAS, vulgo Gustavim
TL – Como foi a dinâmica do crime?
Delegado César Matoso: A vítima foi atraída por Alessandro àté sua casa no bairro Frimisa em Santa Luzia, sob pretexto de se reunirem, mas no local foi surpreendida e executada com cinco disparos de arma de fogo, dos sete disparos proferidos. A vítima estava chantageando “forte” a indiciada Roseli FerreiraPimentel pela falta de pagamento, poucos dias antes do fato, com a ameaça de inversão da linha editorial do Jornal O Grito, em face da descoberta de “irregularidades”, o que poderia comprometer a disputa eleitoral e que acabou motivando o seu assassinato.
TL -É possível explicar o papel de cada um na trama?
Delegado César Matoso: Roseli foi a autora intelectual e financiadora, Alessandro foi o intermediário,Paulo César o executor, Gustavo foi o motorista e David auxiliou.
TL – No caso da mandante do crime, quais os crimes cometidos e qual a pena, se condenada?
Delegado César Matoso: Todos os citados irão responder pelo mesmo crime, artigo 121, §2º incisos I (motivo torpe) e IV (Recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Além desses crimes Roseli irá responder também pelo crime do artigo 312 (peculato) duas vezes. Alessandro, Leonardo, Kelly e Tarick, pelo desaparecimento dos bens da vítima e Mônica pelo uso do dinheiro público.
TL -O que é homicídio duplamente qualificado?
Delegado César Matoso: A lei prevê uma pena maior, para um comportamento mais grave, tido como qualificado. Os indiciados responderão pelo homicídio qualificado, com pena que varia entre 12 e 30 anos, podendo o juiz fixar uma pena maior em face desta dupla qualificação (motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima). Importante esclarecer que o homicídio qualificado é crime hediondo.
TL – A investigação começou com o depoimento de um assessor político da agora ex-prefeita, que delatou uma suposta reunião no gabinete dela no dia da morte do jornalista.
Delegado César Matoso: As investigações tiveram início no dia do fato, mas um dos ex-assessores da indiciada Roseli fez revelações que contribuíram com as investigações e com o esclarecimento do fato. O nome dele é sigiloso.
TL – As prisões dos outros indiciados (Kely, Leonardo e Tarik) poderão acontecer?
Delegado César Matoso: A Polícia Civil não formulou pedido de prisão preventiva dos indiciados Kelly, Leonardo, Tarick e Mônica pelas condutas descritas no artigo 312 do Código Penal (peculato).
TL – Corre um boato que a ex-prefeita entrou com pedido de prisão domiciliar e uso de tornozeleira eletrônica. Isso é verdade ou ela ficará presa até o julgamento?
Delegado César Matoso: A Polícia Civil encerrou o seu trabalho com a conclusão do Inquérito Policial e com o esclarecimento do fato, cabendo ao Ministério Público, através do procurador de Justiça Dr. Henrique German formular a acusação contra os indiciados através da denúncia e acompanhar as medidas eventualmente requeridas. Ademais, a Polícia Civil, na pessoa deste delegado, respeita qualquer decisão que venha a ser proferida pela Justiça, na pessoa do desembargador relator Dr. Alexandre Victor de Carvalho.
TL -Finalizando, sabemos do excelente trabalho realizado pela Polícia Civil nas investigações que resultaram no esclarecimento do caso. Qual recado que o senhor daria aos luzienses neste momento?
Delegado César Matoso: É necessário que os políticos e os luzienses compreendam a insuficiência da política de segurança pública voltada exclusivamente à prevenção, sendo certo que só o esclarecimento do fato, possibilitará a responsabilização dos culpados e a prevenção geral preconizada pela norma. Por fim, subscrevo as palavras do juiz Sérgio Moro, pois “não importa quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você”
Foto da capa: Lucas Prates ( Hoje em Dia)
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